Ilustre Anônimo
Ninguém sabia quem era aquele tal de Amado Batista, afinal, o disco tinha somente uma capa azul com o seu nome. Mas as pessoas faziam filas enormes para comprar o disco do momento, contendo a canção "Desisto". Amado chegou perto de alcançar a marca de vendagem do rei Roberto Carlos.
Enquanto isso, Amado continuava feliz da vida, a vender discos em suas lojas. Agora, ele vendia os próprios vinis.
Estava ele diante de milhares de pessoas à procura de sua canção, de seu disco. O seu olhar perplexo com tamanho sucesso não poderia imaginar que estava prestes a viver o seu sonho e as na fila mal sabiam que aquele humilde vendedor da RC7 era o cantor da música que elas tanto procuravam.
Otimista como poucos, Amado tinha certeza de que um dia seria tão famoso quanto sua música.
- Eu ficava todo feliz da vida, rindo à toa, né?! - conta ele gargalhando.
Paralelamente ao sucesso de Amado, uma música da novela global Astro* também estourou.
- Você deve conhecer - disse Amado.
Nessa hora, Amado cantarolou a música, mexendo a mão direita como se estivesse regendo uma orquestra:
Parará, pararara...
Com aquele alvoroço todo na loja, todo mundo querendo comprar o disco, um entra e sai sem tamanho, um de seus balconistas foi até Amado e perguntou:
- Por que você não fala que é você?
O cantor, de prontidão, respondeu:
- Moço, no sucesso que tá, você acha que alguém vai acreditar que sou eu que canta essa música?
O balconista deu de ombros e saiu. Foi atender mais pessoas que entravam na loja.
- Eu não aparecia na televisão, não aparecia em jornais, revistas, não mostrava a cara, ia adiantar?
Ninguém ia acreditar, né?! - diverte-se Amado.
Depois que a música "Desisto" estourou, todos os dias, no fim da tarde, Amado ligava para o atacadista em São Paulo, para pedir mais discos.
- Manda mais mil.
O atacadista levava os discos para o cantor em Goiânia e, durante 1976 inteiro até meados de 1977, foi assim, uma loucura. Até o Eli Corrêa passou a tocar diariamente as músicas de Amado em seu programa na Rádio Tupi.
- Tocar no Eli era fazer sucesso, revelou Sodré. Ele foi uma das pessoas mais importantes para a carreira de Amado.
A CBS, a RCA, as grandes gravadoras da época e nais quais Amado sonhava um dia gravar, souberam do sucesso que aquele rapaz goiano estava fazendo.
Amado chegou a ser comparado a Odair José.
Amado começou a ser tratado de jeito que sempre quis: como um cantor famoso. Recebeu várias propostas de diversas gravadoras, mais foi a Continental que levou a melhor. Conseguiu contratar o cantor por quatro anos e torná-lo o mais amado do Brasil. Com o contrato em mãos, Amado conseguiu abrir mais uma porta e realizar o sonho de seu amigo Reginaldo Sodré.
Sodré, além de compositor, também queria ser cantor e tentou ir na onda de sucesso de Amado.
Realizou o seu sonho e gravou um disco. Porém, o que era para ser um êxito foi um fracasso. A música "Eu vou", escolhida para a divulgação do disco não foi.
E, ao contrário de Amado, Reginaldo não teve a força de vontade de seu amigo e deixou por isso mesmo. Foi então que se tornou oficialmente o parceiro de composição de Amado.
- A música era boa, chegou a tocar muito lá (Goiânia); mas me faltou empenho e a coragem que o Amado sempre teve - explicou Sodré.
Com a contratação de Amado pela Continental, os amigos Oscar e Amado se afastaram, apesar do tempo, eles continuam amigos. Porém, naquele momento se encerrava uma amizade constante.