AMADO BATISTA O CANTADOR DE HISTÓRIAS ( NASCE AMADO RODRIGUES BATISTA )

Nasce Amado Rodrigues Batista

Era uma tarde fria e cinzenta em São Paulo, quando Acácio, seu assessor, recebeu-me com sorrisos e conduziu-me até uma salinha.
 Vestindo calça jeans, moleton branco, tênis e boné bordado com as iniciais de seu nome, lá estava ele, Amado Batista, sentado diante dom computador.

 Na mesa em frente, estava toninho, seu empresário desde a década de 1980. Ao lado das duas mesas, havia um sofá macio, confortável e vermelho, provavelmente pra espantar o mau olhado, segundo a crendice popular. Sentado nele, Rick 18 anos filho mais novo do cantor, com seu notebook sobre o colo.

 Simpático, o dono de lindos olhos verdes parou o que estava fazendo, puxou uma cadeira para que eu me sentasse perto dele. Depois de acomodados, teve início nossa viagem até um passado cheio de altos e baixos.

 Foi no ano de 1951, precisamente no dia 17 de fevereiro, em uma fazenda chamada fazenda da Barra perto de Davinópolis, distrito da cidade de Catalão, que nasceu de parto normal Amado Rodrigues Batista. Filho de lavradores, viveu os três primeiros meses de vida nesse pequeno lugarejo, no sul de Goiás. Quatro anos depois, o mesmo distrito transformou-se em cidade.

 Ainda bebê, seguiu com a família para Itapuranga, localizada também no interior do estado. Em trem de ferro, uma velha maria-fumaça, viajou com o pai,a mãe e os dez irmão. Com muita dificuldade, seu Aristides Rodrigues, avô do garoto, levou a mudança em carro de boi. A locomoção lenta e as estradas cheias de buracos fizeram com que vovô Aristides chegasse ao destino dois meses depois de ter saído da Fazenda da Barra.

 Sueli, irmã caçula de Amado, veio ao mundo já nova casa em Itapuranga, pouco tempo depois de a família ter chegado.

 Amado conta que sempre teve uma boa relação com os pais e com irmãos. Mas, na vida de família humilde, trabalhar desde cedo era uma imposição pra sobrevivência.

 Sob educação rígida, conforme a tradição interiorana, os doze filhos foram criados. Batava seu Sebastião e Joana olharem para eles com desaprovação para que os filhos soubessem o que queriam. Se desobedecessem, havia motivo para apanharem.

 Às vezes, dona Joana dava um puxão de orelha em um, às vezes, em outro, e quando a traquinagem passava dos limites, o chinelo era o companheiro da senhorinha e inimiga dos bumbuns das crianças.

 Da relação com o pai, Amado guardou lembranças de um relacionamento tranquilo, sem grandes tormentos. Durante a infância, quando as traquinagens são frequentes e o mundo é um universo de infinitas experiências a ser descobertas, Amado não fugia à regra e, como toda crianças, aprontava. Algumas vezes, até passava dos limites, e foi em uma dessa traves-suras que ele levou a primeira e única surra pra valer do pai.

  Que eu me lembre, apanhei uma vez só do meu pai. Apanhei de vara de goiaba - ri Amado, rememorando a situação - . Mas até hoje eu lembro que foi necessário.

 Prova de que criança não tem muito juízo e não pensa nas consequências de seus atos é o que Amado fez. No auge da traquinagem, o garoto resolveu balançar só que no rabo de um cavalo da fazenda onde residiam. Ele correu, correu até conseguir segurar o rabo do pobre coitado alazão e ficou pendurado nele, para cima e para baixo, tempo suficiente para levar um coice e até morrer.

 Seu Sebastião, vendo aquela cena, não teve dúvidas, pegou o garoto e lhe deu uma coça. Bateu em Amado com uma vara de goiaba, para que ele nunca mais ousasse se pendurar na crina de uma animal.

 Em breve mais postagens sobre essa história.


 Amado Batista, Luciano Silva, Reginaldo Sodré