AMADO BATISTA O CANTADOR DE HISTÓRIAS


Nasce Amado Rodrigues Batista ( Continuação 2 )

  Aos sábados à tarde e aos domingos, períodos de lazer do garoto, Amado improvisava os próprios brinquedos. O carrinho de lata de sardinha estava entre suas inveções. Quando ele não estava fazendo brinquedos, passava o tempo jogando bola.

 O terreno em frente à humilde casa onde morava era transformado em campo de futebol e seus amigos, os irmãos e ele viravam jogadores.

 A terra vermelha subia, só se via poeira e a criançada correndo pra lá e pra cá atrás da bola.

 Desde pequeno, Amado sempre demonstrou vontade de ser cantor e foi aos 6 anos de idade que ganhou o primeiro instrumento musical de seu irmão Artênio. A gaita fez a alegria daquele garoto humilde, que passou a andar para cima e para baixo fazendo um barulho ensurdecedor, de quem estava aprendendo as primeiras notas musicais.

 E entra dia e sai dia, Amado com aquela gaita e a criançada toda feliz, rindo e brincando mas mal sabiam eles que seu Sebastião estava passando por dificuldades finaceiras mais sérias que as costumeiras.

 O chefe da família não deixou que passassem fome, mas estava difícil para seu Sebastião manter a casa e colocar arroz, feijão e carne na mesa. A época era de " vacas magras " e o único alimento que ia para mesa era caldo de feijão com pepino. Na hora do almoço, quase todos comeram o que tinha, menos Amado, que naquele momento não estava com fome, então recusouse a comer e foi brincar.

 Seu Sebastião ficou triste.

 O garoto, que estava brincando do lado de fora da casa, encontrou seu pai atrás da residência chorando, porém não entendeu o motivo pelo qual ele chorava.

 Aquela cena o marcou tanto, que nunca mais saiu de sua cabeça.

 Nessa hora, Amado fixou seu olhos em um ponto de sua mesa. Percebe-se a emoção dele, expressa em seus olhos verdes marejados, enquanto relata que imagina que naquela época não havia outra coisa para comer e que seu pai, ao ver o filho recusar a comida, achou que o garoto queria, arroz, feijão e carne, e isso não era possível na ocasião.

 Eu não queria comer por que não estava com fome, se tivesse eu tinha comido com certeza - relatou o cantor.

 Apesar das dificuldades para sobreviver na roça, criar um filho nesse lugar é bem mais fácil que na capital, pois se vive com bem pouco, opina o cantor. Na maioria das vezes, não se paga água, nem energia, e tudo o que se consome, hortaliças e frutas, é produzindo com as próprias mãos. Não há transporte e, para se locomover, é utilizado o cavalo ou jegue.

 Em breve mais postagens sobre essa história.





                                                                   Amado Rodrigues Batista